sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Retornando...

Andei meio afastado do blog...
Muita coisa acontecendo, pouco tempo pra pensar com calma. Principalmente agora em fase de marcar qualificação, escrever, revisar, etc. E é justamente o mundo acadêmico que anda me incomodando. Não vejo a hora de terminar. Não por odiar o que faço, mas por estar cansado desse clima de bajulação, agiotagem intelectual e assédio moral. Volta e meia recebo uma ligação, um scrap, um sms, leio nos fóruns de emails, amigos, colegas, conhecidos reclamarem dos mandos e desmandos de seus orientadores. Os intelectuais transmitem sempre aquele ar de equilíbrio, austeridade e educação. Mas quem conhece de perto sabe que o que falta muitas vezes a muitos deles é justamente isso. Tenho chegado à conclusão de que a academia vive baseada em uma grande “cultura de quartel”, cheia de generais-doutores e pós doutores enfurecidos, esbravejando contra a escrita alheia, fazendo dos horários deles a sua vida. Nós, soldados rasos da ciência, devemos obedecer, comprar o lanche, servir o café, lembrar de seus compromissos e se der tempo, receber uma orientação. Essa cultura de quartel aparece nas aulas, nas reuniões, nos seminários de pesquisa, nas defesas, na cobrança de prazos, nas seleções, etc. Em uma situação normal de seleção, alguém que ache que um texto ruim diria a seu autor todos os defeitos de forma clara, franca e leal....mas estamos falando da academia, dos rituais catedráticos, do desejo de fortalecer as antigas tradições de poder, então a banca praticamente ameaça rasgar o texto, zomba do que você levou meses para escrever, tece as explicações mais burlescas para o seu fracasso.
Já vi e ouvi de tudo...professores dizendo, em uma sala cheia de alunos de mestrado, onde muitos deles trabalham, tem família, filhos, enfim...problemas de pessoas comuns, dizerem que a academia é para quem tem vocação e não para quem quer. Mas ao que tudo indica a vocação só se manifesta nos que possuem disponibilidade integral, que não possuam esposo (a), filhos, mãe, pai, amigos...ou seja, pessoas sem vida social. Fico quase certo de que isso é verdade quando vejo alguns aspirantes a doutores, desengonçados, com ar de maníaco, esbaforidos, sorrindo para seus orientadores com devoção. As mulheres descabeladas, mal maqueadas, despenteadas, com cara de quem caiu da cama e imitando o mau gosto de suas professoras. Ambos com cara de quem há tempos não sabem o que é uma boa gozada. Mas paciência... depois do doutorado você terá os últimos anos de sua vida para transar, se a impotência, no caso dos homens, não chegar primeiro.
Já ouvi de um professor que o grande problema é a popularização das pós-graduações, que juntam toda a espécie de gente que não pode doar a sua vida integralmente à pesquisa. Já vi defesas e qualificações em que a qualidade do texto foi atribuída a gravidez da moça, que ao invés de ler, fez sexo e engravidou. Já vi textos serem praticamente rasgados em qualificações, alunos escorraçados por serem do interior e não poderem se adequar aos horários de aula que mudam de acordo com a vontade dos professores, alunos receberam ligações de seus orientadores para achincalhá-los por não lembrarem se o seu aluno qualificou. Toda a sorte de loucuras e desvarios de pessoas que desalojaram a educação e o bom senso da cabeça para que toda aquela erudição possa caber. Uma escolha difícil, mas que eles fazem com maestria.

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