sábado, 25 de dezembro de 2010

Nada

Pior que o dia 24 é o dia 25, quando a gente repete o mesmo ritual, só que com a comida do dia anterior somada ao tédio. Decidi escrever. Mas agora que abri essa página em branco me perguntei: sobre o que? Sobre mim? Não...previsível. Criticar o Natal? Não...mais previsível ainda. Humm...é...? É estranho não conseguir escrever sobre absolutamente nada. A vida me ensinou a ser sempre produtivo, fazer coisas que possuam uma intenção, uma finalidade. Toda vez que sento no computador é para responder e-mails, enviar textos, escrever parágrafos para a dissertação, lançar formulários...e agora em pleno Natal, ócio completo, sem nenhum objetivo definido, muitas ideias na cabeça, não consigo pensar em nada...
Então, como não cheguei a um consenso sobre que porcaria jogar na internet, decidi então que vou gastar uma lauda falando sobre o meu problema: absolutamente nada. Parece fácil, mas não é. Não é o nada da Filosofia ou da Física...é o nada mesmo, de coisa alguma. O nada trivial, que nós estamos acostumados a lidar quando nos perguntam “o que você está fazendo?' E você responde: “nada”. Irrefletido. Alheio. Despreocupado. Nada. Até o momento estou indo bem. Cheguei agora na minha sexta linha de nada. Enquanto todos estão preocupados em dizer coisas interessantes e repetidas em vários lugares do mundo, acreditando que estão contribuindo para a esfera pública, eu quero é justamente o contrário. Quero tentar a façanha de não contribuir, não ajudar, chegar ao paradoxo de escrever e não dizer nada, mesmo que isso pareça impossível.
Estou na oitava linha e fazendo uma retrospectiva do nada já escrito, percebo que ainda não alcancei o nada completo, absoluto, que quero no texto. Estou pensando em, ao invés de um paradoxo, abordar uma via tautológica, ou seja, partir do principio de que escrever sobre o nada é dizer coisa alguma...porém, agora entrei em dúvida: isso seria uma tautologia ou um paradoxo? Uma tautologia é um sistema fechado que se explica erroneamente por si só, um exemplo é a frase que Bourdieu critica em um documentário: “ a sociologia estuda a sociedade”. Essa seria uma explicação tautológica. Já um paradoxo é uma afirmação que leva a uma contradição mesmo que aparentemente pareça racional. É...complicado....vou dormir.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Retornando...

Andei meio afastado do blog...
Muita coisa acontecendo, pouco tempo pra pensar com calma. Principalmente agora em fase de marcar qualificação, escrever, revisar, etc. E é justamente o mundo acadêmico que anda me incomodando. Não vejo a hora de terminar. Não por odiar o que faço, mas por estar cansado desse clima de bajulação, agiotagem intelectual e assédio moral. Volta e meia recebo uma ligação, um scrap, um sms, leio nos fóruns de emails, amigos, colegas, conhecidos reclamarem dos mandos e desmandos de seus orientadores. Os intelectuais transmitem sempre aquele ar de equilíbrio, austeridade e educação. Mas quem conhece de perto sabe que o que falta muitas vezes a muitos deles é justamente isso. Tenho chegado à conclusão de que a academia vive baseada em uma grande “cultura de quartel”, cheia de generais-doutores e pós doutores enfurecidos, esbravejando contra a escrita alheia, fazendo dos horários deles a sua vida. Nós, soldados rasos da ciência, devemos obedecer, comprar o lanche, servir o café, lembrar de seus compromissos e se der tempo, receber uma orientação. Essa cultura de quartel aparece nas aulas, nas reuniões, nos seminários de pesquisa, nas defesas, na cobrança de prazos, nas seleções, etc. Em uma situação normal de seleção, alguém que ache que um texto ruim diria a seu autor todos os defeitos de forma clara, franca e leal....mas estamos falando da academia, dos rituais catedráticos, do desejo de fortalecer as antigas tradições de poder, então a banca praticamente ameaça rasgar o texto, zomba do que você levou meses para escrever, tece as explicações mais burlescas para o seu fracasso.
Já vi e ouvi de tudo...professores dizendo, em uma sala cheia de alunos de mestrado, onde muitos deles trabalham, tem família, filhos, enfim...problemas de pessoas comuns, dizerem que a academia é para quem tem vocação e não para quem quer. Mas ao que tudo indica a vocação só se manifesta nos que possuem disponibilidade integral, que não possuam esposo (a), filhos, mãe, pai, amigos...ou seja, pessoas sem vida social. Fico quase certo de que isso é verdade quando vejo alguns aspirantes a doutores, desengonçados, com ar de maníaco, esbaforidos, sorrindo para seus orientadores com devoção. As mulheres descabeladas, mal maqueadas, despenteadas, com cara de quem caiu da cama e imitando o mau gosto de suas professoras. Ambos com cara de quem há tempos não sabem o que é uma boa gozada. Mas paciência... depois do doutorado você terá os últimos anos de sua vida para transar, se a impotência, no caso dos homens, não chegar primeiro.
Já ouvi de um professor que o grande problema é a popularização das pós-graduações, que juntam toda a espécie de gente que não pode doar a sua vida integralmente à pesquisa. Já vi defesas e qualificações em que a qualidade do texto foi atribuída a gravidez da moça, que ao invés de ler, fez sexo e engravidou. Já vi textos serem praticamente rasgados em qualificações, alunos escorraçados por serem do interior e não poderem se adequar aos horários de aula que mudam de acordo com a vontade dos professores, alunos receberam ligações de seus orientadores para achincalhá-los por não lembrarem se o seu aluno qualificou. Toda a sorte de loucuras e desvarios de pessoas que desalojaram a educação e o bom senso da cabeça para que toda aquela erudição possa caber. Uma escolha difícil, mas que eles fazem com maestria.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Carta de Juremir Machado à Dunga (repostagem)

"Caro Dunga

Minha solidariedade, Dunga. Tu foste genial. Eu me tornei definitivamente teu fã. A eliminação contra a Holanda não abalará em coisa alguma a minha admiração. Tu és ingênuo, Dunga. Quiseste ganhar com base na seriedade, na lealdade e no caráter. Tiveste a coragem de dizer sempre a verdade e de enfrentar os mais poderosos. Cometeste erros, Dunga, mas isso é normal. Só os cretinos imaginam fazer tudo certo. Deixaste de fora alguns meninos talentosos, Dunga, e o velho Ronaldinho Gaúcho. Tiveste boas razões para isso. Tu havias ganhado tudo com o grupo que levaste a Copa. Desejavas valorizar os teus comandados e vencer ou perder com eles. És um capitão de navio à moda antiga. Aceitaste afundar com teu navio. Tua vitória teria sido uma revolução nos costumes. Que pena!

É verdade que não apostaste na beleza. Outros, no entanto, ganharam sem beleza alguma e tampouco sem tua valentia e tua nobreza rude. A derrota foi o resultado de alguns erros que podem acontecer com qualquer um: um gol contra de Felipe Melo, uma agressão boba de Felipe Melo, que determinou sua expulsão, e a perda do controle emocional pelo time todo. O mesmo Felipe Melo, entretanto, deu o lindo passe do gol do Robinho. Estiveste a um passo da glória, Dunga. Agora, voltaste, apesar dos triunfos anteriores, a ser um desgraçado, um maldito, um desprezado. Conheço isso, Dunga. Por mais que tu venças, serás sempre um perdedor. É tua sina. Os donos do mundo não suportam a tua franqueza, que chamam de arrogância. Detestam tua simplicidade, que rotulam de grossura. Odeiam tua transparência, que os impede de conceder privilégios e de fazer negociatas na tua cara.

Foste um exemplo, Dunga. O mundo, porém, não está preparado para a tua vitória. Espero que esteja para a de Maradona, técnico antagônico e complementar a ti, mas não acredito. Tomara que eu me engane. Foste bravo, Dunga, impávido, colosso. Não mandaste Felipe Melo pisar no adversário. Buscaste o equilíbrio. Apostaste no talento de Kaká e Robinho.

Sonhaste com a beleza. Ela não sorriu para ti. A mídia te condenou por não teres feito o jogo dela. Viste o jogo como um jogo e tudo fizeste para alcançar os teus objetivos. Não compreendeste que o jogo é também um teatro no qual alguns devem sempre figurar nos camarotes. Até o teu sotaque incomodou, Dunga, neste país onde os que debocham do teu sotaque têm sotaques tão ou mais caricaturais. Tiveste personalidade, Dunga. Isso é imperdoável. Há muita gente feliz agora. Teus inimigos podem sorrir triunfantes e sentenciar: “Eu não disse…”

Nós, os ruins, os ressentidos, os malditos, os perdedores, apesar de todas as nossas vitórias, estamos contigo Dunga. Somos os teus representantes por toda parte. Tinhas razão, Dunga: boa parte da mídia estava dividida, torcendo pelo Brasil e, ao mesmo tempo, te secando. Para vencer neste mundo, Dunga, é preciso aprender a ser hipócrita. Tu nunca conseguirás. Tuas vitórias serão sempre laboriosas. Tuas derrotas te marcarão mais. Tu, ao contrário de outros, não te escondes jamais. Aceita, caro Dunga, meus cumprimentos".

Postado por Demétrio de Azeredo Soster às 22:15 Marcadores: Correio do Povo, Dunga, Juremir Machado da Silva

domingo, 27 de junho de 2010

O fim dos rebeldes é a ode a família feliz? (manifesto careta)

Bom, não existe sabedoria no tempo por si só, nós que atribuímos valor a mudança, e acompanhar a duração de certos processos é sempre muito gostoso. Muita gente que eu conheço que alimentou grandes sonhos de comunhão socialista, discursos contra hegemônicos, que sempre alardeou sobre os grandes planos que a vida reservava, a liberdade, a aventura de “se entregar ao mundo”, sempre contra a “nossa” caretice, agora estão inseridos dentro daquilo que “nós”, mortais, sempre fomos acusados de fazer parte: os valores familiares.

O engraçado é que muitos de “nós”, reacionários, estão seguindo a vida de forma paralela a esses esquemas. Pensando em carreira, ser visto e reconhecido, em conhecer o mundo, começar uma vida nova, etc. Para “nós”, caretas, filhos e família são agora um acidente de percurso, visto a quantidade de coisas que pretendemos fazer. Muitas das pessoas que esfregaram suas bandeiras em nossa cara estão levando uma vida de emprego-filho-esposa/marido–família-casinha, com dilemas que passam longe das discussões como: “O fracasso do socialismo é o fim da história?” ou “Luta armada ou revolução pelas idéias?”.

Nada contra formar uma família, até porque, segundo alguns, eu sou conservador e às vezes moralista, logo, devo gostar de família, né? É lógico que não. Quem me conhece sabe o que eu acho de família e parentes. O meu estranhamento é que tudo o que se disse foi apagado. Eu, pelo menos, nunca saí dizendo “dessa água não beberei” Prefiro assim. Mostra que não sou fiel a idéias muito fixas, essas patologias juvenis que avançam na idade adulta e tornam algumas pessoas intragáveis.

Tudo isso que estou dizendo está baseado na observação da nossa “janela indiscreta” contemporânea: o Orkut. Abrindo as atualizações, sempre percebo que o Orkut está se tornando um ambiente familiar, cheio de linhagens recém-formadas, muitas sob circunstâncias ocasionais, repentinas, torrenciais... Os libertários, os adeptos do amor livre, os devassos e libertinas (por convicção ou por desespero), os leitores de Sartre, os maníacos sexuais, as ninfomaníacas, os hedonistas, os mal resolvidos sexualmente, estão todos se tornando pais/mães de família, enquanto nós, os supostos normais, os caretas, os tradicionais, conservadores, moralistas, estão sonhando alto, pensando em família como uma vontade e não como resultado de uma camisinha estourada, da trepada de uma noite etílica, da necessidade de arranjar alguém pelo medo da solidão, de não se sentir capaz de ir além, por preguiça de persistir nas noites intranquilas de solidão em frente ao computador, escrevendo trabalhos e textos, sensação que a estabilidade familiar supõe apagar.

Termino esse texto dizendo: meus parabéns a todos os caretas da nossa laia! Espero que nos encontremos uma dia do alto de nossa caretice, de nossas carreiras que foram vistas como chatas e convencionais, dos livros lidos, dos lugares vistos, dos debates, vivências e lugares diferentes, vendo os que ficaram para trás e pensando "e nós é que erámos os tradicionais?".

Ao caminho que parece certo, ao destino que ninguém pode escapar, a idéia de familía como maldição, como certeza última de todos os homens e mulheres, nossa renúncia megalomaniaca dará uma resposta convincente. Principalmente aos que acreditam que a vida está resumida em crescer, reproduzir e morrer...de tédio.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Um frankstein televisivo (parte 1)



O que aconteceria se misturássemos o Domingo legal e suas mulheres em trajes de banho; CQC e seus apresentadores que misturam jornalismo de, algumas vezes, duvidosa utilidade públicae humor (apesar de ser um bom programa); Porta da esperança e sua distribuição paternalista de sonhos aos pobres e Pânico na Tv e seu...sei lá...aquilo que eles fazem lá? Resposta: eu não sei. Provavelmente uma tragédia.

Não sei se o programa “Os Legendários”, exibido na rede Record, seria exatamente uma tragédia. Existem coisas piores: Carla Perez cantando músicas infantis, Netinho apresentando um programa, Bárbara Paz como atriz e sex symbol, Zorra Total.A lista é grande.

Não prego pelo purismo televisivo, pela idéia nata, original, genial, inédita. Até porque da mistura podem sair bons frutos. Mas posso dizer, aproveitando a deixa dos “frutos”, que a proposta lançada por Marcos Mignom e seus ex-companheiros de MTV e atuais de Record, tem sido até o momento um abacaxi televisivo. Uma mistura patética de falso engajamento, que já era perceptível em outros da mesma linha, com programa de auditório de quinta categoria, bem no estilo Gugu, Silvio Santos e Caldeirão do Hulk.

Legendários não têm nada de revolucionário como seu idealizador anunciou (depois ele voltou atrás, dizendo que é apenas entretenimento...depois falamos nisso). É um grande pastiche, uma imitação de tudo o que já vimos na televisão aberta. Um Frankstein televisivo, sem personalidade, que alimenta a vaidade colossal de seu apresentador, que não consegue parar de fazer posses, como se a câmera fosse o espelho de sua casa.

Tudo começou quando estourou a noticia de que João Gordo (Ratos de Porão) havia assinado com a Record? “A contratação mais improvável da televisão brasileira”. Acho difícil. É mais improvável João Gordo não querer ganhar dinheiro. Achei estranho, mas na época não prestei atenção. Nada contra, todo mundo tem que fazer o que gosta.

Quando o programa foi ao ar, vi um João Gordo domesticado, sem palavrões, sem os chingamentos, sem tudo aquilo que fazia dele um apresentador “peculiar”, por não poupar ninguém de perguntas e assuntos incômodos. Suas matérias? São regulares. Comprovam apenas que essa coisa de diploma nunca impediu o charlatanismo ou o falso pensamento de que jornalismo é apenas uma câmera na mão e uma idéia (pauta) na cabeça para expor o “sistema”. As matérias são tudo aquilo que o jornalismo “marrom” da globo e de outras emissoras já fizeram melhor e a partir de menos informações do que as que se dispõe hoje.

Assistindo, também vi uma entrevistadora que é uma mistura de Chiquinha com um emo, gritando a todo instante, em quadro que expõe profissionais a uma enxurrada de desinformação em nome do humor. De Ronaldo (jogador entrevistado semana passada) não espero nada (nem mesmo futebol), mas de uma ginecologista, em um país cheio de mães adolescentes, uma audiência nacional de jovens e com transmissão para outros tantos países, o que ela faz? Mostra um festival de “whatever” (nome do quadro), de perguntas esdrúxulas, sem sentido, que se pretendiam causar algum impacto, o fazem apenas pela sensação de “ou eu estou ficando velho ou eu não sei mais o que é engraçado”. Eu voto na primeira. Entrevistas que são no mínimo desconcertantes, decepcionantes, para uma moça (Mia Mello) que já ganhou um prêmio de humorista revelação. Se ganhou, foi no grito, que é só o que ela faz no quadro.

Outro quadro é o dos caras do Hermes e Renato que, agora não são mais Hermes e Renato, e estão à procura de um nome mais adequado. A gama de opções é vasta e eles não chegaram a um consenso, pois, de “filhos do Edir” até “mercenários” a gama de opções é vasta e nem sempre muito fácil de digerir. Do que era do Hermes e Renato, sobraram alguns caras falando e fazendo força pra aparecer o tempo todo em uma mesa na lateral do programa, cheios de esparadrapos, fazendo comentários o tempo todo, e não perdendo um lance de câmera para fazer qualquer bico para audiência. Mas, um quadro deles realmente é muito bom: o “repórter boato”,aquele foi bem pensado.Me lembrou as tirações de sarro do CQC sobre o jornalismo, mas tudo bem. Nada que um lixeiro, do alto de sua vassoura não supere.

Junto deles entrou, não me perguntem como, Gui de Pádua, que já fez quadros em programas da Globo e agora ganhou espaço no Legendários fazendo aventuras ariscadas como saltar de pára-quedas do congresso ou de grandes torres pelo mundo. No episódio do congresso, de início, fiquei impressionado, por que eles haviam se infiltrado lá dentro para fazer o salto. Achei incrível. Logo em seguida, Marcos Mignom agradece a colaboração do Congresso em permitir as filmagens... tudo show...permitido pelas nossas excelências de Brasília. Uma subversão dramatizada, controlada. O que é um contra senso, se pensarmos que um dos significado da palavra, de acordo com o dicionário Houaiss, é: revolta, insubordinação contra a autoridade, as instituições, as leis, as regras aceitas pela maioria. Tudo bem...é apenas entretenimento.

Fora isso, tem Jac Kury, a ex BBB, que,até um dia desses eu não lembrava que havia existido no planeta terra. Ela, em seu maio apertado, que esparrama pelos cantos os seus litros de silicone, chama mais atenção pelo decote e pelas roupas do que pelo que apresenta como matérias. Na mesa lateral ela muito mais um enfeite do que uma apresentadora.

Temos também o Supertição, um herói negro, metido em um collant amarelo, cuja voz lembra a do Netinho do Negritude Jr. Um nome de herói no mínimo preconceituoso, se pensarmos que existe gente sendo processada por ter dito muito menos (mas não justificável, é claro) a algum afro-descendente. Sua tarefa: realizar o sonho de quem quer comprar desde uma máquina de sorvete até abrir um negócio em casa ou mesmo colocar o Neimar na seleção. O que já deu um problema sério, pois, acamparem na frente da casa de Dunga em um sábado a noite não foi considerado engraçado pelo técnico da seleção. O que gerou um puxão de orelha nos bastidores. O quadro é uma referência direta aos programas, cuja SBT é mestre, de distribuição de prêmios com uma história triste de fundo e um apresentador defensor dos injustiçados. Obviamente, nem Silvio santos e nem Luciano Hulk andam de collant. Pode ser que seja uma alegoria desses programas, mas se era pra ser uma crítica, não funcionou.

Parece que o Brasil encontrou uma segunda fórmula de humor para explorar. Um descanso dos programas pastelão da rede Globo, cujo humor, vive dos tempos áureos de Chico Anísio e dos Trapalhões. Essa nova vertente, cheia de intervenções gráficas, humor “político” e provocativo, que não poupa celebridades, de inicio pareceu que vinha pra ficar. Mas, a fórmula tem mostrado sinal de cansaço. CQC já não rende tão bons momentos. O Pânico na TV já esgotou o pouco de inteligência que tinha. Muitos desses comediantes são oriundos do “stand up” (aquele em que é apenas um cara e o microfone) e são muito bons. Mas parece que agora o humor brasileiro está sendo acometido por um esgotamento dessa proposta. Quem percebeu isso est´[a ganhando o seu troco por fora, divulgando o próprio nome. Até mesmo os pioneiros estão demonstrando não saber mais se reinventar.



Essa merda, continua...

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Pagando pelo desconforto.

Quanto vale um carnaval? Eu faço essa pergunta um pouco tarde,o carnaval já passou e dizem os mais cínicos ou os mais propensos a seguir o senso comum que o ano começou agora, depois do carnaval. Faço essa pergunta pois na minha pobre cabeça de pão-duro é surreal gastar um mês de trabalho em 4/5 dias. Claro que quem pode paga. Não vou entrar aqui na discussão sobre oferta e procura de bens culturais. Só não consigo entender como as pessoas movem montanhas, são capazes de um esforço sobrenatural pelo carnaval. Empregam energias que não oferecem muitas vezes a qualquer outro empreendimento. Já digo logo que sou suspeito, nunca fui pra Neópolis e nem pra Olinda. Nunca desci ladeira com o Zé Pereira e nem vi o Galo da Madrugada. A minha questão é de ordem mais prática. Eu vejo pessoas pagarem o olho da cara pra alugarem casas em péssimo estado de conservação, com deficiência de água e energia, cheia de desconhecidos, de quem não se sabe as intenções e nem a procedência, sendo acordado com o barulho dos habitantes da casa que escovam os dentes com cerveja e acreditam que você vai achar super divertido ser acordado por uma trupe de bêbados e pelo barulho do que há de mais moderno em matéria de pagode baiano, arrocha, pisadinha e axé tocado no volume 10 da mala de algum idiota que obriga todo mundo a atestar a potência do seu som. Dane-se o Zé Pereira! O que importa é chamar a atenção, mesmo que isso custe a diversão dos outros. O pior é que não é um som, é som grave, mal definido, batendo dentro do seu coração como um soco.Além disso, ser exposto a todo tipo de substância que a ma-fé de quem não sabe se divertir pode proporcionar: de cal a cuscuz lançados na sua cara. Tudo isso que digo aqui eu não vivi, até porque isso para mim passa longe de ser carnaval, é selvageria mesmo. Mas já ouvi muuuuuiiitas histórias de quem já foi, pagou caro pelo carnaval e voltou sem sequer ter “pegado” alguém. Chegou na cidade, se alojou com desconhecidos, comeu mal, bebeu muito, tomou banho de cuia no quintal com porcos e galinhas, dormiu no chão, acordou com barulho, perdeu objetos no meio da farinha de trigo lançada como argamassa para os excrementos alheios e teve que aturar 4/5 noites de bêbados e nativos intrometidos. E o mais engraçado: vai de novo! Nunca consegui entender, e mesmo que já tenha tido vontade de conhecer o carnaval de Neópolis, como é possível pagar caro por tanto desconforto? Eu sou daqueles antiquados que quando a festa não é favorável, fico sem a festa. Nada de pagar 6 meses por um bloco, por uma casa em algum lugar, por um estadia em Recife. Acho que minha constante necessidade de poupar dinheiro me tornou um pão-duro hiper racional. No caso de Olinda eu mantenho o desejo acesso, porque é uma cidade que tem um patrimônio histórico que vale a pena ser visto. Por que se eu for pra Olinda só pra ver um bloco gigante de carnaval tocando as mesmas músicas que eu ouço desde o final de janeiro não vale o custo.