terça-feira, 8 de dezembro de 2009

COBERTURA ESPORTIVA Festa, violência e impunidade

Repassando do Observatório de Imprensa: www.observatoriodaimprensa.com.br

Por Luciano Martins Costa em 8/12/2009
Comentário para o programa radiofônico do OI, 8/12/2009


Depois da segunda-feira (7/12) em que as imagens da violência mancharam as comemorações no final do campeonato nacional de futebol, a imprensa faz uma abordagem rápida e superficial dos acontecimentos, e segue a vida.

Na televisão, as emissoras da Rede Globo deram destaque muito maior à invasão do campo no estádio Couto Pereira, em Curitiba, do que às cenas dos conflitos entre torcedores de facções rivais do Flamengo, que se engalfinharam nas ruas próximas ao estádio do Maracanã após a vitória contra o Grêmio de Porto Alegre.

A Rede Bandeirantes dedicou muito tempo e comentários aos dois acontecimentos, e seus comentaristas cobraram medidas das autoridades, lembrando que o Brasil precisa adotar medidas para prevenir a violência associada a jogos de futebol. Afinal, vamos sediar uma Copa do Mundo em 2014.

Nenhuma cobrança

Tudo indicava que os jornais retomariam as antigas campanhas pelo controle das torcidas organizadas. Mas nada aconteceu. Merece registro apenas a iniciativa do Globo, que na primeira página em sua edição de terça-feira (8/12), afirma que o Brasil foi "reprovado no teste da Copa".

O texto constata que houve má gestão na partida final do campeonato, desde a desorganizada venda de ingressos até a confusa entrada dos torcedores no Maracanã, além das cenas de selvageria no estádio do Coritiba.

No rescaldo das cenas vergonhosas, registra-se apenas a interdição do estádio Couto Pereira e algumas ações da polícia, como a detenção de dois vândalos por desacato e o indiciamento de um motorista que causou a morte de um jovem ao fugir de uma confusão de torcedores.

Nenhum anúncio de medidas mais eficientes contra as hordas que invadem as ruas em dias de jogos de futebol, nenhuma cobrança mais efetiva das autoridades por parte da imprensa.

Problema escondido

Faz pouco mais de seis meses que o jovem corinthiano Clayton Ferreira de Souza foi espancado até a morte por torcedores do Vasco da Gama, numa das semifinais da Copa do Brasil deste ano.

Na ocasião, os jornais publicaram apenas as versões da polícia, que liberou os suspeitos, e ignorou as evidências de que havia ocorrido uma emboscada e que a própria Polícia Militar havia criado as condições para o conflito.

Não há notícias de mais investigações, e os assassinos podem contar com a impunidade.

Os clubes entram em férias, e mais uma vez o problema da violência nos estádios vai para baixo dos tapetes das redações.

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